:: MAsHuP eu, maSh Tu ::

Ao viés e revés com papo de Mashup, eis a conclusão.

Mas antes passarei a língua na epopéia para esclarecimento do conflito e gozo da conclusão. Com toda essa antropofagia cultural acontecendo, de Bansky a Girl Talk e de Maria a José, todo um ano de textos sobre Mashup foram publicados no Tralha Malocada Fanzine, sessões do CineClube Taberna sobre o assunto, e até um workshop chamado Mashup.ada realizado. Definir Mashup para década passada, a 00’s, é como definir Grunge para a década de noventa: uma singela ilusão. Reconhecer todos os fatores que tornaram o Mashup viável desde a tecnologia e material pra reciclagem ao destroçamento da inovação, mas não da criação.
Philippe Petremant

Natural consequência evolutiva da criação, do baião, do tropicalismo, do manguebeat ao manifesto antropofágico da década de vinte, o Mashup (mescla, mistura, re-antropofagia) é inevitável. O que permite a atual exteriorização exacerbada do eu, ser criativo, acontece pela fácil capacidade de criação. Ferramentas para fazer Mashup não faltam e está cada vez mais fácil e rápido manipulá-las. Material pra Mashupear não falta, pois a cultura já oxidou bastante; perdão pelo ‘oxidou’, é ocidentalizou e o individuo transborda de tanto ‘eu’.

Mashup como uma técnica de RE(ao quadrado)BULIÇO nas artes plásticas atiçada pelo digitalismo. A perda de aglomerados dos movimentos culturais pela capacidade de cada indivíduo fazer a sua cultura revestida da gordura do ego. Juntar o Chico que a mãe ouvia e Jobim do pai pra criar o seu Tom. Pendurada na parede do quarto a famosa foto do Che com a sutileza do charuto do Fidel entre o lábios, oh che! Misturas casam e descasam e até largam a mão do pós e preconceito. Os ‘Res’ do Gilberto Gil com Refazenda, Refavela e Realce quando misturados com outros artistas em um Mashup não estarão sendo Refeitos, e sim Readaptados ao léu do seu recriador. O Mashup.eiro é como um copo de liquidificador onde mistura a cultura, influências com doses de ego que no fim acaba sendo consumido pelo próprio, auto-antropofagia.

Desejo pontuar Mashup como movimento cultural do começo do século vinte um, porém Mashup é apenas uma técnica de mixagem, colagem, antropofagia, control C e control V. O embaraço cultural onde cada um é um filtro do RE-regurgitar.


Cativando Mashup desde 1999 sem ter a noção, já misturava as falas do filme Pulp Fiction com a música Chemical Beats do Pai The Chemical Brothers. Esse primeiro Mashup foi feito com um simples programa de edição de áudio onde aprendi a samplear (criar o sample arquivo digital de áudio).

Atualmente “reciclo” as músicas que meus pais escutaram, irmãs e meus amigos, quando não peço nomes de música a pessoas ao lêu. A lista de artistas brasileiros Mashupados que você pode baixar no soundcloud.com/victorhugomafra vai de Tom Zé, Chico Buarque, Criolo, João Donato, Davi Moares, Novos Baianos, Elomar, Alceu Valença, Nação Zumbi, Dj Dolores e Orquestra Armorial misturados com Beck, The Chemical Brothers, Daft Punk, Frank Sinatra, Massive Attack, Plastikman e outra penka de samples.

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