:: Cassius : '15 Again' ::

Novamente Cassius, '15 Again', Philipe Zdar e Boombass conterrâneos da outra dulpa Daft Punk retornam com o terceiro álbum. Este com uma estranha surpresa, Zdar canta. Isso traz de volta algumas características da dupla que estava meio desorientada dês do 'Au Rêve'. Nada se compara ao primeiro álbum Cassius 1999, e criar outro disco com esse impacto todos tentam de Daft Punk a Chemical Brothers. Tendo um vocalista na dupla faz com que quase toda música do disco tenha vocal. A primeira 'Toop toop' no clipe, onde aparece Zdar cantando e Boombass no baixo, sintetiza todo o disco. '15 Again' lembra bem o 'Cassius1999', o que não se consegue mais é fazer um álbum com “persona”. A ordem das músicas, a capa e as músicas tudo tem que ser perfeito como no 'Cassius1999', 'Homework' do Daft Punk e 'Did your own Hole' do Chemical.
A sexta faixa 'Eye Water', cantada por Pharrell com uma letra atual, politizada, mas charmozinha que dá vontade de cantar. No final da música todo mérito pra edição, com dois produtores em cima só podia sair coisa boa. Em seguida 'See me Now' conhecida por ter sido lançada no 'Au Rêve' faixa dez com nome de '20 Years (How do you see me now)'. A versão do '15 Again' está muito melhor com backing vocal de Zdar. Um exemplo de acid house bem feito e francês é a faixa dez 'Cactus', 'merravilê!!'. O fim do disco novamente parece uma mutação do 'Cassius1999'. De bom tamanho está para o terceiro disco, superou o segundo 'Au Revê' e de vista ficou para o insuperável 'Cassius1999'.

:: Don Jäckan vs. Donoxun vs. Abrann Zdar ::

Pra quem não conhece Don Jäckan nem Zdar, favor entrar no site abrannzdar.blogspot.com. Um pequeno resumo pode ser adiantado: Don Jäckan brotou do nada em 1998 perto do meu niver, o nome surgiu quando vi a camisa do Kurt Cobain e nela um machado: Don Jäckan. Precisava de um nome pra colocar nos cds caseiros que estava produzindo e não fazia questão de usar como Dj, prefiro o nome como produtor do que Dj. Desde muito tempo faço parte do site Fiberonline onde ‘posto’ minhas músicas, as primeiras foram ‘Mornging Lemon remix’ com Jimmy Castor cantando, ‘Song of Sirene remix’ e a mais famosa ‘Are we in England?’. Até o momento que este texto foi postado essas três músicas somaram 3714 audições e 2780 downloads, sendo que ‘Are we in England?’ está em primeiro no número de audições no estilo ‘big beats’ com 2704 audições e 2089 downloads. Fazia tempo que não atualizava o site então postei duas músicas novas ‘Fluer’ e ‘Zéfiro’, atualizei a foto e o release. Agora o drama; não faço mais uso do nome Don Jäckan, não acredito que consiga substituir por Donoxun, mas sei que Don Jäckan é eclético e Donoxun não. Deixo Donoxun para minhas gigs (techneira), Don Jäckan para os que de longe me reconhecem e Abrann Zdar como “o cabeça”.

Quem quiser escutar Don Jäckan:
http://fiberonline.uol.com.br/artista.php?id=255

:: Form is Emptiness ::bola.buda::

Falando ainda de Josh Wink e a série Profound, quem escutou ou ainda escuta o segundo volume deve reconhecer esta frase; “Bodies are given life from the mist of nothingness/Existing where there is nothing/Is the meaning of the phrase/Form is emptiness”. Pois bem meu bem, começando pelo ultimo período “Form is Emptiness”, "a forma é idêntica ao vazio e o vazio é idêntico à forma". Está frase é um paradoxo budista para explicar a vacuidade dos cinco agradados. Os quatro grandes elementos (terra, água, fogo e ar) são fundamentalmente vazios; os cinco grandes agregados não têm existência verdadeira. Deu pra ter idéia, esta frase é primeira coisa na qual você escuta no ‘Profound Sounds Vol2’. Tive um grande desespero de conseguir desvendá-la, ela foi dita pelo ator Forest Whitaker no filme ‘Ghost Dog’ de 1999. A música foi produzida pela dupla ‘Swayzak’ composta por James Taylor e David "Broon" Brown. Matei!

:: Não dá pra sair bem do lado de Josh Wink ::

Filadélfia tem a sorte de abrigar o profundo minimalista Josh Wink. De solo fértil, terra de Christian James, Dj Dozia, DJ Glenn Thornton, Dj J-Boogie e Dj King Britt que fundou a Ovum Records junto com Josh. Enquanto Britt explorava soul e R&B Josh só queria deep house, minimal como era chamado em 1994. Pra quem conhece 4 Hero e a voz de Ursula Rucker e não sabia da ligação de Josh Wink com a banda como produtor e de Ursula com sua voz em vários de suas músicas como “Sixth Sense”.

Lançado este ano o terceiro volume da série “Profound Sounds” que teve início em 1999 com o primeiro volume. Desde o primeiro a minha cisma em dizer que Josh Wink não grava mixando em vinil, como se fosse um set, senão a gravação do disco duraria uma hora e sete minutos, tempo total do primeiro Profound. Firmo o pé em dizer que ele produziu o disco em qualquer programa de edição da preferência dele como pro tools que era praticamente o único que prestava na época. Gastou horas, dias, semanas ou até meses pra encaixar cada música que ele escolheu, começando com “D2” de Heiko Laux & Johannes Heil, editando, equalizando e comprimindo o áudio pra encaixar “Anjua (sneaky 3)” de K.A.B e assim por diante.

Além do que todos os profounds começam com uma velocidade e terminam com outra. É possível fazer isso num set, porém eu já analisei o primeiro volume e constatei que é uma taxa progressiva, o que é praticamente impossível num set, só se ele ficasse com o pé subindo o pitch pouco a pouco durante todo set. O primeiro volume é impecável, o que Josh quis e quer com a serie profound é mostra uma única música com mais de uma hora.

Já o segundo volume lançado em 2003 ele errou feio na produção, foi neste que tive a certeza, pois fiquei quatro, quatro anos espalhando esta teoria. Entre a passagem da faixa “Interupt” de Timeblind para “Tracks for a wierder fay” de Rithma, Josh deixa escapar a equalização de um hit-hat (aquele agudinho tis-tis-tis-tis), seria como errar na edição de um vídeo, numa cena, ora um objeto está em certa posição, na troca de ângulo não está como deveria. Sem deixar de esquecer que Josh Wink escolheu quatorze músicas de outros artistas como Ricardo Villalobos, Dave Clarke, Frankie Bones e duas dele. Ele tinha que mixar essas dezesseis músicas usando uma pick-up(MKII), pois a primeira música tem aquele charmoso ruído de vinil, tudo isso em setenta e quatro minutos. Com certeza ele não fez deste jeito, o disco termina velo numa cidade dez vezes mais rápida do que começou.

Em 2006 chegou para agrado o terceiro volume, uma graça, maravilhoso. Mesmo sendo duplo não consegue ser enjoativo. Minimal de linha, grave alinhado bem definido contrapondo o agudo seco, rasteiro que define mais ainda a batida. O uso de sintetizador foi enorme, alguns sons elaborados outros até possíveis de se fazer em casa. Uma linha muito mais continua do que o primeiro Profound e sem comparação com o segundo. O primeiro disco do terceiro tem graves saborosos como “Rancho Relaxo” de Anja Schneider & Sebo K e um remix muito bem feito de “Nothing In Its Wrong Place” do insuportável Radiohead, pra você vê como o cara é bom! Ele consegui salvar isto! Perdendo a linha; puta que pariu! Só podia ter este nome “Don’t Stop the Beat” de Dj Skull seguida pelo primoroso remix de “Higher State of Consciousness” feito por Mathew Jonson. Reforçando a teoria apresentada de que todos os Profound foram produzidos e não gravados como set. Do segundo cd “Sucre” de Josh Tejada e “Love Technique” de Levon Vincent fazem uma combinação exata de pancada controlada salpicada com vocal francês feminino tipo “I am a very stylish girl”. Depois daí é minimal pesado cheio de synth, mas em suma o terceiro volume reanimou a serie. A mesma coisa aconteceu com a seqüência de álbuns com o “20 to 20”, a parada deu uma levantada e orientação que faltava piscante Josh.

:: tech.no.love ::

É fato: techno é difícil de engolir. Tem seu tempo certo para ser degustado, viver com ele todas as horas do dia e principalmente da noite estereotipa qualquer sujeito. E é do stereo que qualquer bom techneiro precisa, sempre pesquisando nomes, músicas e gigs. A relação de músicas excelentes de muitos produtores é baixa, mas quantidade é alta. Basta que a música excelente consiga visibilidade e é o que acontece, todas as outras choram como esgoto [exempli grati: Benny Benassi]. Ânimo; techno é para se escutar alto, com pessoas a sua volta e se possível a céu aberto. Desanimo; escutar baixo (num fone), sozinho (de fone), e o tempo todo em trânsito.

Saber reconhecer as características da música e classificá-la como: “esta é boa pra dar aquela respirada entre as pancadas”, ou “melhor avisar que o sol tá nascendo”. Um bom Dj vem daí, saber e poder colocar em pratica todas as horas que passou escutando seus vinis reconhecendo as características de todas as músicas pra quando chegar a hora saber o que tocar.

Por não mixar techno há algum tempo estou desanimado com ele. Uma solitária BOA música de qualquer produtor de techno pode agradar, mas um set não é feito só de ‘agrados(hits)’ senão depois de uma hora e meia ninguém mais agüenta dançar. Techno é como um grande rato que mais parece um cachorro, só que não é visto como muita freqüência na superfície apenas quando você desce para subsolo, inferninho ou basement.

A satisfação de fazer uma noite de techno é muito grande quando se consegue manter o ambiente agradável e aceso. Festas como estas podem matar judeu de curiosidade, por serem tantas músicas desconhecidas importando apenas saber se ela te faz bem. O que mais se pode querer quando se entra em uma sala escura com luzes picando som alto e um bocado de entorpecentes? Se for para dançar usamos o electro, house o dance, do techno para cima tudo fica mais difícil. De tudo o techno tem, desde musicas viajantes, relaxantes e excitantes que combinadas podem fazer da noite uma grande satisfação de escutar e tocar techno.