:: Os 10 álbuns da Década 00 - Rock/Pop/Genérico ::

Esse tipo de listagem é extremamente pessoal. Foi ao vasculhar as vastidões dos meus HDs e de certa resistência trazida dos anos noventa que formatei está lista de Rock/Pop/Genérico.

10. Coldplay - Parachutes [2000]
Não tem Los Hermanos na lista mas tem o pai deles. Taí uma banda que deve perdurar por um bom tempo. Quatro álbuns lançados nesta década, ainda geram dinheiro e os integrantes parecem se dar bem. Influência pesadíssima nesta década, até parece que sabiam que seria a década de cantar a dor de corno.


9. Otto - Condom Black [2001]
Só muita música boa pra superar a expectativa que todo artista tem quando o primeiro álbum é super elogiado. Essa década foi marcada por uma mesmice na questão de interprete e replicas de interpretes. Ainda bem que temos alguém que se entrega.


8. Dave Matthews - Some Devil [2003]
Tinha que ter um Dave Matthews na lista. O interessante que está faltando a Band! A cada disco da Dave Matthews Band há uma diferença muito grande, eles procuram variar e explorar. Mas no álbum solo do Dave Matthews e como cheirar a flor e não o perfume.


7. Emilie Simon - The Flower Book [2006]
Franceizinha que gosta de experimentar e cantar. Um amor de álbum, voz e uma das únicas a se consolidar pela qualidade. Álbum escolhido entre Bat for Lashes, Ida Maria, Metric e Yeah Yeah Yeahs.


6. Gnarls Barkley - St. Elsewhere [2006]
Algo de diferente apareceu entre a mesmice. Entre Outkast, The Roots e Jay-Z eu fico com o excêntrico.


5. Interpol - Turn on the Bright Lights [2002]
Das bandas de Nova Iorque que formaram o Indie Rock, Interpol foi a que conseguiu expor o rock com estigma de Nova Iorque. Por isso o mérito entre The Hives, The Vines, The Libertines, Franz Ferdinand e Arctic Monkeys é de quem chegou primeiro e com algo para mostrar.


4. Madeleine Peyroux - Careless Love [2004]
O retorno de Madeleine após em 1997 ter tido problema nas cordas vocais. A voz não condiz com a imagem de Madeleine, sua música pode parecer já ter sido cantada, mas o que importa é que ela voltou a cantar e já tem mais dois álbuns.


3. Davi Moraes - Papo Macaco [2003]
Filho de peixe, peixinho é! Esse Papo Macaco fez muita gente dançar e pensar. Davi por si só, puta disco!


2. Audioslave - Audioslave [2002]
A batalha de Chris Cornell vem dos anos 80 com Soundgarden. Ele conseguiu colocar o reformado Rage Against the Machine em Cuba. Enquanto bandas como System of Down misturavam muita coisa, Metallica com St. Anger parecia banda de Punk Rock, Soufly do Max Cavalera com Primitive continuava no underground de tanta batucada que tinha e Sepultura quase extinto o único a salvar a metaleira foi Audioslave e seus três álbuns de 2002, 2005 e 2006.


1. Queens Of The Stone Age - Rated R [2000]
Banda da década passada que com Rated R, o segundo disco, separou água e óleo. QOTSA como é conhecido se manteve por toda essa década com três álbuns excelentes. Diferente de tudo que apareceu como Strokes, Interpol e Arctic Monkeys. Rated R mostra a essência do que é ser roqueiro e que foi distorcida e homogeneizada nesta década.


Não houve muita batalha para enumerar os álbuns e nem receio de deixá-los fora da lista. Dei mais importância ao começo da década, aqueles que criaram tendências. Em outros casos escolhei por gosto o que de novo apareceu sem que esses álbuns tivessem muita influência na caracterização desta década. Talvez a falta de caráter seja a característica desta década. Eclética com muitos rostos, caras e bocas.

:: Operador de Discos ::

O termo disc jockey ou operador de discos remonta a década de trinta, e sua principal função é selecionar músicas e tocá-las. Seu Osvaldo Pereira, o primeiro Dj brasileiro, começou a história da discotecagem brasileira com a simples ideia de não deixar a pista ficar parada. Nos bailes dos anos 60 movidos a orquestra, seu Osvaldo colocava vinis nos intervalos. Naquela época o vinil ou long play[LP] existia há pouco mais de dez anos. O que não existia era o mixer(mesa de mistura), uma peça fundamental para todo Dj, sem ele não é possível combinar o som de duas fontes de som para que não haja intervalo entre as músicas. Seu Osvaldo deu seu jeito usando dois toca-discos e um mixer improvisado. Fez isso porque achava que quebraria o ritmo das pessoas dançando no baile se tivessem que espera-lo trocar o vinil em um único toca-discos. A essência do Dj é essa, selecionar os discos em função do que o publico deseja e não deixar a festa parar.


Essa forma de discotecagem, dois toca-discos e um mixer, perduraram até o começo da década de noventa quando apareceu o compact-disc, o filho da puta do CD. O toca-discos mais popular é o Technics MKII SL-1200 e CD player mais conhecido foi o CDJ da Pionner. Digo que foi porque pouco tempo depois do advento do CD apareceu algo muito pior: o MP3. Os CDJs começaram a ler CD de MP3 e cada vez mais o case dos Djs foram encolhendo. De mochilas ou cases para os vinis, passaram para pequenos cases para CDs de áudio e finalmente para dentro dos computadores. Mesmo usando computadores é necessário usar o controlador, uma espécie de joystick com a aparência de dois CDJs e um mixer integrados. Os Djs ainda tinham o trabalho de mixar a música, sincronizar uma com a outra usando esses três tipos de mídia; vinil, CD e MP3. Esse tipo de mixagem provém da House Music criada nos primórdios dos anos 80 onde as batidas no compasso 4/4 (quatro por quatro) favoreciam a mixagem. Mas agora nem mixar o Dj precisa, o programa Traktor Dj já sincroniza a música, basta selecionar e pronto.

Leia o micro resumo da macro operação que é mixar com vinil. O estilo de mixagem é a sincronizada usada na maioria dos estilos na qual as músicas foram produzidas para tal. Existe uma regra básica para aqueles que produzem música eletrônica, são regras de compassos utilizados na introdução, intervalo e final. Sempre no compasso 4/4 e a cada 4, 8 ou 16 compassos há uma virada, remoção ou adição de efeito ou instrumentos que servem como ponto de referencia para mixagem.


Por veemência, pensemos que estamos à frente de dois toca-discos e uma mesa de mistura (mixer) e está tocando uma música e queremos colocar outra.

1. Selecione o disco da nova música, despoje-o e coloque-o no prato do toca-discos, selecione a música colocando a agulha próximo ao começo da faixa.

2. Através do fone de ouvido proveniente do mixer, escute a música que você vai tocar (apenas você estará escutando, essa e uma das funções do mixer) e ache o ponto inicial dela. Na maioria das vezes o primeiro som é um bumbo, o que facilita a marcação; marcar ou CUE nada mais é que manter o vinil parado neste ponto com seus dedos sobre o vinil, geralmente com o dedo mínimo, anelar e médio (no CDJ isso seria a mesma coisa que pressionar o botão CUE, ele memoriza o ponto).

3. Escute a música que está tocando e, quando houver uma virada na música (em geral na virada de quatro ou oito compassos), libere o vinil que estava segurando com a prévia marcação do bumbo (no CDJ basta precionar play, não existe atraso no play do CDJ como nos CD players convencionais, e se você errar basta apertar CUE que ele volta pra marcação enquanto no vinil é preciso repetir o segundo procedimento).

4. Case a velocidade da música que você está colocando com a que está tocando, sincroniza as duas músicas no mesmo BPM (Batidas Por Minuto). Use a barra do pitch; no toca-discos ela vai de +8 a -8 e no CDJ de +10 a -10 com uma vantagem de não alterar o tom da música. Você deve usar o dedo indicador e médio para adiantar ou atrasar o prato do toca-discos, e assim sincronizar as duas músicas, sempre atualizando a barra de pitch até que não seja mais necessários ajustes com dedo (no CDJ basta girar o Jog Dial para esquerda(-) ou direita(+), mas sempre atualizando a barra de pitch).

5. Ache uma virada no compasso apropriado próximo ao final da música que está tocando, libere o dedo ou pressione o play. Use o cross-fade na mesa de mistura (mixer) para fazer a passagem de uma música para outra.


Compare esse processo como o de fazer um pão: você mexe fisicamente com ingredientes, com o calor do forno ideal e com o tempo certo de tirá-lo de lá. Você já teve ter visto vendendo no Polishop uma panificadora, nela, basta colocar os ingredientes, apertar dois botões e esperar. Nos dois casos o pão pode ficar muito bom ou uma merda. Talvez a praticidade do Traktor crie novas formas de mixagem. Ao invés de mixar duas músicas, o Dj vai estar mixando oito, criando algo novo na frente da pista. Se o Dj for mixar apenas duas músicas no Traktor vai ter tempo de sobra, pois não precisa meter a mão na massa tendo tempo de ver o pão crescer.


A mixagem com vinil exige certas habilidades e concentração, é como ficar vendo o artesão escrever teu nome no grão de arroz. É bonito, é monogâmico, é cultural, é ultrapassado, é para poucos e vai continuar sendo. Existem formas baratas e caríssimas de ser Dj, a mais barata e acessível é usando CD de áudio, pois os aparelhos que leem apenas CD de áudio estão ultrapassados. No mesmo pé estão os que leem CD de MP3 e os toca-discos, muitas vezes a agulha é metade do preço do toca-discos. Lembrando que são sempre dois toca-discos ou dois CDJs, sem contar o mixer e um bom fone de ouvido. Para aproveitar o máximo do programa Traktor é preciso um maquinário que chega a custar o preço de um carro mil zero. Quem possui esse tipo de equipamento são os grandes Djs, muitas vezes cobaias dessas empresas, que tendem a virar garoto propaganda defendendo bandeiras como a do Traktor. Será que o Dj não vai mais precisar colocar os dedos no vinil pra mixar?


:: PAPO MACACO #01 ::

Imagine você de pé, em frente ao mar. Você sente a areia, o calor do sol e vê o horizonte. Então você questiona porque você está ali de pé, sentindo e vendo. Se sente bem e em paz com tudo o que lhe rodeia.
Ser Humano, o único animal a ter consciência e questionar a sua origem. Com a falta de respostas criou formas de amenizar a angústia desse enigma. Sem a razão, o homem se perde entre vários caminhos. A consciência ainda é prematura e não realiza a única resposta, a sua própria existência.
Assim como tudo no mundo, existem vários tipos de fieis a Deus. Os que preferem acreditar para que não sofram a consequência trágica de parar no inferno, e os que acreditam que Ele fez o ser humano sua imagem e semelhança, sendo o criador de tudo e todos. Explorando esses dois tipos, cronologicamente, pode-se chegar a uma rala e breve conclusão. Assim como qualquer criança tem atos estúpidos sob a vista de um adulto, a evolução do ser humano está matando Deus aos poucos. Caso nossa humilde humanidade não se mate antes de matar o que muitos acreditam ser nosso criador, teremos uma sociedade onde todos os seus problemas não converjam para essa fonte do inexplicável. Seria como perder as exclamações “Deus me livre”, “pelo amor de Deus” e todas relacionadas a Ele e Seu Filho, pois não teríamos do que reclamar. Dos egípcios até hoje ,o ser humano tenta compreender porque é o único animal a questionar a sua existência.

Lidar com essa constante e perturbadora pergunta fez com que até hoje ainda se crie religiões ou seitas como a Cientologia. Das antigas religiões indianas, chinesas, do politeísmo grego e egípcio passando pelo zoroatrismo chegando às mais populares, judaica, cristã e islã. Todas elas têm como ponto básico explicar, amenizar, domesticar, ensinar, saciar, controlar, relaxar, enganar e finalmente iludir o ser humano. A supressão religiosa impede o ser humano de questionar, mas todo ser humano é livre para ser o que quiser e acreditar no que quiser. Se lhe basta a simples explicação de que um cabeludo fez alguns truques mágicos e ensinou alguns valores morais e sociais há 2009 anos, para outros não. Enquanto a geração dos anos oitenta matava-se apenas se drogando, a dos anos noventa se drogava e questionava. O padrão social de muitos adolescentes ocidentais que seriam catolizados ou circuncidados nos anos 90 os tornou anti-dogmáticos. Com o crescimento da civilização ocidental englobando países em desenvolvimento e o ocidente cristão enfraquecido, tornou-se possível que muitos atingissem as condições necessárias para o questionamento.

“O mínimo é o máximo e máximo é o mínimo, o questionamento destes dois pontos é a sua existência.”
Abrann Zdar




Papo Macaco#02
Papo Macaco#03
Papo Macaco#04
Papo Macaco#05

:: Homework III [Ultimatum] ::

Com 100 samplers* Donoxun remixou, recriou e até criou. Com apenas 100 pequenos pedaços de outras músicas produziu uma única faixa de 54 minutos. Assim como os predecessores, Homework III [Ultimatum] baseia-se no uso de samplers e tende a ser o último da série, lançada em 2003 com Homework I [Technostop] e no ano seguinte com Homework II [Donoxun]. O terceiro disco teve sua produção iniciada no ano de 2006 e veio a ser terminado em 2009 após a conclusão do álbum debute de Donoxun, TSI-606. O alter ego Donoxun que representa Victor Hugo Mafra surgiu com o primeiro disco da série. Foram coletados samplers durante esses três anos de variados artistas como Josh Wink, James Brown, Plastikman, Joris Voorn, Marc Houle, Paco Osuna, Bem Sims, Mark Williams, Paul Mac e outros. Também foram utilizados samplers de vozes e sirenes de filmes como Ghost Dog - O Método do Samurai e o seriado Lost. No caso a música Form is Emptiness e System Failure respectivamente. O intuito da série Homework é transformar algo conhecido e formatado em algo totalmente novo. O estilo dos três discos sempre foi o Techno e mesmo em 2009 Homework III [Ultimatum] traz aquela velha sonoridade de Techno do começo desta década. O download do álbum pode ser feito via torrent no site www.donoxun.com.

:: Natural seleção pela evolução da Teoria ::

Teoria da evolução pela seleção natural escrita por Darwin possui apenas 150 anos. O naturalista britânico passou por Macaé em abril de 1832, a Malvinas ainda não existia assim como discussões lógicas a respeito da nossa origem. Antes todos se valiam da explicação mais capciosa como criacionismo. A mulher foi criada a partir de uma costela e a ignorância faz parte do processo evolutivo. Pode-se presumir que a evolução biológica já alcançou maravilhas no Homo Sapiens nesses 200 mil anos de evolução. Mas com 10 mil anos de evolução cultural e social é possível deslumbrar um longo caminho. As idéias e realizações que irão mudar a presente sociedade estão por vir. Por isso não adianta se debater, tentar mudar e nem apressar o processo. Caso consigamos manter a nossa espécie viva, talvez deslumbremos a Utopia.

:: TSI-606 álbum debute de DONOXUN ::

Finalmente após nove anos desde que começou produzir música eletrônica Donoxun lança seu primeiro álbum. A busca pela sua identidade musical terminou com a conclusão do álbum TSI-606. Todo trabalhado a partir do timbre da bateria eletrônica TR-606 da Roland que caracterizou a sonoridade do álbum e influenciou o título. As irmãs clássicas da bateria eletrônica TR-606 são a TR-808 e TR-909, uma é mãe das batidas de Miami Bass e a outra do Techno primordial. O TSI do título do disco vem da analogia do som proveniente do Cymbal, som agudo dos pratos, exemplificando: Tsi,tsi,tsi,tsi.

São doze faixas que variam do extinto estilo Big Beats até o Minimal. Foram feitos cinco vídeos disponíveis no YouTube.com, Chance4Chances, MW Illusion, Most Everything, I Go And You Stay e Bottle Of Acid. O download do álbum pode ser feito no site www.donoxun.com e via torrent no site www.torrentz.com e procurar por Donoxun.

:: Meu estado ::

Sentado na última fileira no extremo lado esquerdo da platéia do teatro assisto ao ensaio de uma peça. Olho fixamente para o centro do palco, com dificuldade de foco devido à penumbra. A cada erro entro em estado de sono, coletado ao longo do dia. Fecho os olhos não tão cansados e, algumas vezes, a cada mergulho na breve escuridão sonora que ecoa pelas paredes do teatro, repenso: “O único na platéia a sonhar com a realidade”. Artistas no palco a interagir em busca de algo incomum. Interpretar um personagem que ao final mostrara para outras pessoas sentadas onde estou, que quem esta no palco tenta fingir ser outra pessoa. Eu na platéia, a ver o processo sempre em constante evolução perco alguns desses momentos e entro na minha escuridão sonora. Mixo realidade e sonho alcançando um pequeno prazer e serenidade de apenas estar ali, sentando na platéia. Não deixo que outros pensamentos sobre o futuro consigam me atribular.

Estagnado na penumbra o pensar nas ações futuras jorram vontades, necessidades e sonhos. Quase estático em pleno silêncio com sangue quente correndo sobre veias felizes, continuo sentado. As vozes dos atores e diretor não atrapalham meu estado, apenas quando cruza pelo meio da platéia a personagem. O pensar ficou perturbado pela aceleração dos batimentos do angustiado e apaixonado coração. Agora o rapaz que estava sentado na platéia passa também a ser um personagem. O bom rapaz tende a ser outra pessoa, mas ao sair da sua estagnada posição percebe que sua realidade e limitada pelo tamanho dos seus braços. A penumbra e a escuridão sonora que lhe confortava também o limitava a chegar de maneira eficiente ate ao meio da platéia. Organiza os pensamentos, revê o caminho a ser feito e segue sem esbarrar ou tropeçar nas poltronas do teatro. Ao final do percurso chega a via principal no meio da platéia, e percebe que seu estado não e mais o mesmo.

Não senti constrangimento por interromper levemente o ensaio. Estava esperando por ela, e todo o tempo em que passei sentando esperando teve seu propósito. Pude me desligar de lembranças trazidas por pensamentos futuros. O simples fato de esperar, atrasa o presente ainda mais quando se esta a pensar no futuro. O meu estado e presente.